olha para o que eu Digo
Nunca este ditado popular, que termina com "mas não para o que eu faço", teve tanto sentido como desde o momento em que PPCoelho desafiou os jornalistas em particular e o povo no geral, a procurarem as suas supostas declarações em que convidaria o pessoal a emigrar. De facto, se retirarmos toda a essência da língua portuguesa, em nenhuma das declarações proferidas pelo primeiro ministro está clara, tipo preto no branco, qualquer referência à emigração. No fundo, esta semana PPCoelho fez justiça a esse ditado popular, mas só na sua parte inicial, confirmando-se que o que ele disse é no fundo aquilo que ele próprio baptizou de "mito urbano". Contudo, o que ele fez e faz, enquanto governante, apresenta motivos de sobra para confirmar que afinal o mito é uma realidade triste e bem mais dura, que as palavras de barítono de coro deste projecto de ministro não se cansam de escamotear. Os números do desemprego que tem vindo a diminuir são obra da emigração, e não das políticas desta coligação medíocre, ombreando com os registos do êxodo no tempo da outra senhora, de salazar e da guerra colonial. No entanto, se na altura se fugia por motivos semelhantes, o emigrante tipo modificou, e não desfazendo da qualidade dos de então e dos de agora, a diferença para os cofres do estado é abissal. Hoje em dia enviam-se para fora, por falta de oportunidade cá dentro, a nata da formação, com um nível universitário que é requisitado por vários países por essa Europa fora. Pode estar descansado senhor ministro que eu não olho para o que diz, mas estou muito atento aquilo que faz, exactamente o contrário que certamente gostará que o eleitorado faça na altura de preencher o boletim de voto. Voto para que então o povo não se engane, nem se deixe levar pelo conto do vigário.